quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Quetzal

A história começou com as civilizações Maia e Asteca, na América Central.
No México, os Astecas prestavam culto ao Deus Quetzalcoatl, que personificava a sabedoria e o conhecimento e foi ele quem lhes deu, entre outras coisas, o chocolate. O povo acreditava que Quetzalcoatl trouxera do céu para a Terra as sementes de cacau. As colheitas eram festejadas com cruéis rituais de sacrifício humano.
Um dia, Quetzalcoatl ficou velho e decidiu abandonar os Astecas. Partiu numa jangada de serpentes para o seu lugar de origem – a Terra do Ouro. Antes de partir prometeu voltar no ano de "cé-atl" (ano da serpente), que ocorria uma vez a cada ciclo de 52 anos pelo calendário que ele mesmo havia criado para os Astecas.
Enquanto isso, por volta de 600 a.C., os Maias, que também conheciam o chocolate, faziam suas primeiras plantações em Yucatan e na Guatemala. Até então, o cacau e o seu precioso produto, o chocolate, só circulavam pelos rituais, banquetes e no comércio na América Central. Dele era preparada uma bebida fria e espumante. As suas sementes também eram utilizadas como moeda, com muito poder de troca.
Passaram-se séculos... O navegador Cristóvão Colombo, achando que tinha descoberto as Índias, chega à América Central. Um chefe asteca sobe a bordo e oferece, ao navegador e sua tripulação, armas, tecidos e também sementes de cacau. Ele explica a Cristóvão Colombo que as sementes são a moeda do país e que permitem preparar uma bebida muito apreciada entre eles. Colombo e os seus marinheiros provam com os lábios as sementes e bebem também o chocolate. Dias depois, levantam velas e seguem para a Europa. Colombo, o primeiro europeu a provar o chocolate, não lhe deu a mínima importância. Mal sabia que um dia ele seria apreciado no mundo inteiro.
Em 1519, o explorador espanhol Hernán Cortez e seus 600 soldados desembarcam no México, pretendendo conquistá-lo. Fazem os preparativos para o combate. Mas, para surpresa geral, o imperador asteca Montezuma e seus súditos recebem-nos com cordialidade. Vítimas da sua própria lenda, eles crêem que Cortez é a reencarnação do bondoso deus Quetzalcoatl.
Acontece que 1519 coincidia com o ano de "cé-atl" no calendário asteca – o ano que Quetzalcoatl prometera voltar.
O povo alegre festeja e o imperador acolhe Cortez com um grande banquete regado com taças de ouro cheias de tchocolath. Mas a desilusão não tarda a chegar:o suposto Quetzalcoatl, aquele que havia dado o chocolate a seu povo, parecia não o ter bebido antes e nem mesmo gostar dele. É óbvio, o tchocolath não era a bebida agradável de hoje. Era bastante amarga e apimentada. As tribos da América Central geralmente preparavam-no misturado com vinho ou com um puré de milho fermentado, adicionado a especiarias, pimentão e pimenta.
Naquela época, o chocolate era reservado apenas aos governantes e soldados, pois acreditava-se que, além de possuir poderes afrodisíacos, ele dava força e vigor àqueles que o bebiam.
Cortez, sem dúvida, ficou muito impressionado com a mística que envolvia o chocolate e mais ainda com o seu uso corrente. Assim, com o intuito de gerar riquezas para o tesouro de seu país, ele estabelece uma plantação de cacau para o rei Carlos V, da Espanha. E, como bom negociante, começa a trocar as sementes de cacau por ouro, um metal indiferente àqueles povos. Os espanhóis, aos poucos, acostumavam-se a beber chocolate e, para atenuar o seu amargor, diminuíam a proporção de especiarias e adoçavam-no com mel. Já o rei Carlos V tinha o hábito de tomá-lo com açúcar.
Um ano depois, Cortez responde com traição à acolhida que recebera do povo asteca. Prende o imperador Montezuma e invade as suas terras. Tanto Montezuma quanto o seu sucessor são assassinados pelas tropas de Cortez e o México passa a ser colónia espanhola, permanecendo nesta situação por trezentos anos.

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